Banho de Chuva

Menino no sertão da sêca
Ficava rezando prá São José
-Mande chuva, meu santinho.

Mas eu nem tinha roçado
E só queria chuva na cidade
Prá ir tomar banho na rua.

Aí eu chamava Mariinha
-Vem brincar de chuva mais eu.
E ela vinha, só de calcinha.

O tempo passou tão tirano 
Mas inda gosto brincar de chuva.
Adonde andará Mariinha?


Zé Maria 17/09/16


José Maria Almeida Marques
Poeta Escritor
Uma verdadeira joia bodocoense. Vive na capital Recife, mas em cada "beat" do seu coração, há uma lembrança e uma carga de paixões do seu lugar. 

Poeta José Maria Almeida Marques
Esse poema tem como conotação na própria imagem, crianças que ao mesmo tempo em que demostram a alegria ao brincarem na chuva, uma possibilidade de substituição delas por todos os sentimentos murmurados pelo povo sertanejo. 
É provável que um ou outro bom e emotivo cidadão residente ou originário do sertão nordestino, ao ver a imagem e o texto, produza em suas mentes, inúmeras outras imagens. Produzirão algumas e reproduzirão muitas. 
Momentos vividos, que podem ser revividos em um simples fechar de olhos nos levando ao mais profundo porta arquivos da nossa mente. 

Por Davi Diniz